A chuva caia lá fora lavando a cidade; minhas lágrimas caiam em meu quarto, lavando meus olhos e coração. O vento soprava gélido, e seus sopros no silêncio, pareciam criar vozes distorcidas. Estava tudo muito vazio; quarto, mente, coração, cama... Eu abraçava meu travesseiro tentando eliminar a solidão desse vazio, mas haviam pequenos momentos fragmentados, dançando em algum canto do meu cérebro, onde ficam as memórias. Fotografias, palavras, cartas, promessas... Ainda estava tudo guardado no mesmo lugar, e eu ainda necessitava muito disso. Sua voz ecoava em meus tímpanos como música de fundo; era tudo o que me mantinha conectado a esse mundo. A ferida não cicatrizava; as lembranças estavam lá, e eu ainda bancando o bobo, abraçando o travesseiro, fazendo de conta que ele ia te substituir. Não ia. Ainda doía, e eu tinha que me acostumar. Enquanto isso, eu trazia a chuva para o meu quarto; sofria calado, eliminando as lágrimas que se tornavam agulhas, alfinetando os meus olhos e caindo dolorosamente. Eu trazia as nuvens, a neblina e me juntava a solidão de um dia cinzento. A chama permanecia acesa enquanto o coração se encolhia de dor, se contraindo facilmente como algo frágil. Era incrível, pois quando eu saía desse estado tão particular, em meu rosto se encontrava um falso sorriso que ninguém nunca se esforçou a analisá-lo e torná-lo verdadeiro. Quanto mais eu lutava para continuar vivendo, menos motivos encontrava para isso. Todos estavam próximos, mas ao mesmo tempo, parecia que um sistema solar inteiro nos separava. Todos estavam presentes em corpos, mas ausentes em sentimentos. Onde estavam aqueles que disseram que nunca me abandonariam? Boa pergunta. Procurei e não encontrei, mas agora já está tudo bem.
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