No fim, eu havia construído meus sonhos em castelos de areia sobre algumas
pessoas... Eu sou o único e real culpado por cada grão dos meus sonhos terem
ido embora junto ao vento. E agora, cá estou eu chorando o leite derramado e me culpando por real culpa de
ter esperado que outras pessoas sustentassem sonhos que eram só meus.
Não é fácil se contentar com perdas tão grandes e que fazem grandes
estragos em nós, mas eu permiti que os ponteiros do relógio me traíssem numa longa
espera... Permiti que cada batida do meu coração se descompassasse por caminhos
tortos e sem fim, criados por minhas expectativas em pessoas incapazes de
segurar minha mão, e também, incapazes de segurar comigo, aqueles sonhos que no
fundo não eram só meus.
De todas as certezas que podem haver na vida de uma pessoa comum, a única que tenho é incerta. Martela machucando em meu peito como choque nas terminações nervosas. Sei que nada sei. Sinto que tudo sinto. A menor das coisas é gigante para mim, e a maior das coisas não me sacia. Cada segundo cobra mais de mim e me leva um pedaço da alma. Falar não me cabe em palavras. Sentir não me cabe em tocar. Consigo amar quem está longe, odiar quem está perto e vice-versa. Se o meu coração pudesse, choraria. Mas em cada veia corre ácido, e não há nem um rastro de sangue ou humanidade. Sou oito ou oitenta do meio termo, mas tudo de mim se alterna a cada explosão de sentimentos no choque de uma coisa chamada vida.
Essa é a pior das sensações. Uma coisa que eu nunca vou conseguir
explicar e ninguém nunca vai poder entender. É como se um enorme buraco negro
estivesse aberto em meu peito. Não há motivo, mas dói. É dor emocional, não
física. Dói tanto que eu me vejo em desespero. Eu quero me machucar, mas minha
cabeça continua no lugar. É como se me machucar tirasse o foco dessa dor que
parece infinita! É como se eu estivesse só... Como se o mundo estivesse em
movimento lá fora e o meu congelado em um momento que me desgasta e me leva de
volta ao pó.
Não é sempre que eu demonstro, digo e provo o que sinto, mas, é
necessário que eu me veja em momentos que cobram realmente muito de mim para
ver que sozinho, não sou nada. Meu coração pede socorro e ninguém escuta. Se escuta,
não se importa! Vejo minha vida sem sentido, e a morte como a tentação que
levou Eva a pecar. Nada, nada, absolutamente nada, me tira desse buraco negro
sem fim, nem me tira desse poço oco, morto e sem volta. Nada.
Hoje eu acordei sem saber se te chamo de meu, se me chamo de seu ou se continuo massacrando meu coração por uma convicção quase que incerta. Acordei sem saber se vou me congelar no tempo e repetir o momento do último beijo e viver vivendo o que o relógio levou. Hoje eu levantei inteiro sem saber se neste dia ia me despedaçar outra vez e me desgastar de vez, sofrendo por um orgulho que é seu. Hoje eu vou dormir com um peso de uma culpa que é só minha e acordar no outro dia com essa mesma sensação. Vou dormir, acordar, levantar, me culpar… Pedir perdão a Deus outra vez e me deixar levar pela mesma rotina de sempre. Vou ver outra vez sua fotografia, te beijar nos lábios em pensamento e dormir não tão inteiro quanto o esperado. Vou dormir com a certeza de que ainda te pertenço, mas sem saber se ainda acordarei inteiro. Hoje eu acordei inteiro… Dormi chorando e acordei sorrindo, após ser possuído outra vez por essa convicção incerta. Agora, te quero mais que ontem e menos que amanhã
As
palavras têm vindo cheias de um vazio medonho (é contraditório, controverso e
confuso). Sem um pingo de verdade, nem um toque de amor... As palavras não têm
mais transparecido sentimentos como antigamente. Agora não passam de palavras.
Palavras secas, ocas e ásperas. Às vezes atingem-me como arame farpado.
Machucam. Mas eu entendo. Sei que o que falamos não é nem um terço do que
gostaríamos de dizer. Conheço o bolo que fica na garganta e até faz a cabeça
girar. É por isso que eu me esvazio tanto, apenas escrevendo.
Mas eu
não quero corações partidos! Eu não quero olhar essa chacina de corações! Amar,
amor, tocar, sentir, expressar, escrever amor! Eu não quero mais sentir! Eu não
quero mais doar-me! Eu levo isso muito a sério, dando muito de mim sem receber
nada em troca. O que seria de uma casa sem colunas? O que seria de um coração
sem amor? Eu só preciso que ele continue bombeando sangue, pois de amor, ele já
transbordou e esvaziou.
Eu quero foder. Agora cê repara que eu não falei "fazer amor", eu não falei "transar", eu não falei "fazer inheco inheco", eu falei FODER! Agora, eu não quero foder só com você. Eu quero foder com seu chefe, com meu personal trainer, eu quero foder com o Malvino Salvador, eu quero foder com o George Clooney, eu quero foder com aquele menino que faz piadas na internet, eu quero foder com o time da Nigéria, com o exército de Israel e até com o Toinho, o porteiro. Quem sabe até com o seu irmão, Mário Alberto. Mas eu não quero um de cada vez. Eu quero todos ao mesmo tempo. Eu quero levar surra de piroca até semana que vem. Eu quero ficar com o queixo pra dentro que nem o Noel rosa, sabe? De tanto levar saco aqui no queixo, sem conseguir falar. Eu quero ficar tão larga que... Qual é mesmo o nome daquele nadador? Aquele menino comprido? - O Phelps? - Isso! O Phelps! Eu quero ficar tão larga que o Phelps vai enfiar o cotovelo assim, ó, dobrado dentro de mim e eu não vou nem sentir, por que eu vou estar o que? Vou estar extasiada, entendeu? E eu quero tudo de luz acesa, porque eu quero ver aquele banho de sêmen. Sêmen é o caralho, né Mário Alberto? É porra, né? Banho de porra mesmo, sabe? Bukkake? Coloca no google que você vai saber o que que é. Eu quero levantar que nem um boneco de cera, sabe? Pingando, assim, derretendo. E depois eu vou querer um repeteco. Eu quero escalavrar a boceta. Eu quero levar cutucada no colo do útero, entendeu? E aí depois eu vou querer dar o troco, passar recibo... Vou querer que me chamem de putinha, de vaca, de vadia, de cachorra e depois de putinha de novo. Enfim, pra terminar com tudo isso, eu vou esmerelhar a chapeleta de geral pra limpar a bagunça. E no dia seguinte eu vou acordar poída, assada, que nem um fantoche velho. É isso o que eu quero, Mário Alberto. E você?