Sentimentos & Futilidades

Sentimentos & Futilidades

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Estou do avesso.

​ A natureza escuta pacientemente o esbravejar do meu silêncio. Meu pensamento voa como uma gaivota livre, rente às águas do mar. Suas asas tão lindas, abertas e seguras, mantêm-se firmes, cortando o ar. E o meu silêncio? Bom, o meu silêncio fala mais que o sermão de um pastor, mas minhas palavras são ocas e não dizem nada. Olho para dentro e para fora de mim, e percebo que estou do avesso. A natureza ouve meu silêncio, mas mesmo sem falar, me consola dizendo que é necessário trocar as folhas.


Centro.

​ A gente sabe que existe centro... sabe que existe centro espírita (e visita pelo menos uma vez na vida), sabe que existe o centro da terra, os centro das cidades... mas ignora o centro do nosso ser. O núcleo que guarda todo o nosso “código genético”, o centro que é nosso porto. O centro que é onde a gente quer ir quando se encontra perdido nas máscaras que usamos de supostas personalidades que possuímos. A gente acredita em centro, mas abandona. Abandona porque a gente cresce, e a partir daí entra em formas que a sociedade obriga a entrar. A gente sabe que existe um centro guardado por camadas frias, que já quase esqueciam que a gente já foi criança; que subia no sapato da mãe, que vestia a camisa do pai, que queria ser adulto, mas não sabia que ser adulto era ser igual robô. E quando a gente cresce, quer se isentar das responsabilidades, quer alguém que cuide da gente, quer ser criança de novo. Quer correr livre, ralar os joelhos, tomar banho de chuva, voltar pra casa sujo de terra e até tomar uma chinelada da mãe. A gente quer, porque tá guardado no centro, e foi gostoso. E é o que a gente é, mas não pode ser.


A diferença da tua solidez para a minha liquidez.

​ Só me diz a diferença da tua solidez para a minha liquidez, quando a tua solidez se esfarela e escapa dentre os dedos; me diz porque para ti minha liberdade é libertinagem, e tua necessidade de concretar-me a ti não passa de uma solidez consideravelmente clássica, aristotélica. Diga, então, porque meu desapego e amor livre são construções sociais e o teu apego e tuas correntes não. Diz também porquê devo viver um amor romântico Hollywoodiano se meu espírito é flecha, ação e fantasia. Aproveite e me diga também porquê devo eu levar uma vida baseada nas tuas normas ABNT do viver, se o bonito da vida é ser você. Então, meu bem, vai com teu segundo, que eu vou com meus terceiros, quartos, quintos e infinitos alguéns... Vá e sê feliz, que eu hei de ser também!