Sentimentos & Futilidades

Sentimentos & Futilidades

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Nadar no teu corpo.

Quero numa superfície plana, nadar no teu corpo. Alcançar tua boca sem precisar ficar na ponta dos pés. Você me chama de "minha puta" enquanto me beija e me torce os mamilos. Me agride, mas me acaricia. Que delícia! Sua puta. Meus gemidos me entregaram. Réu confesso.



quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Estou do avesso.

​ A natureza escuta pacientemente o esbravejar do meu silêncio. Meu pensamento voa como uma gaivota livre, rente às águas do mar. Suas asas tão lindas, abertas e seguras, mantêm-se firmes, cortando o ar. E o meu silêncio? Bom, o meu silêncio fala mais que o sermão de um pastor, mas minhas palavras são ocas e não dizem nada. Olho para dentro e para fora de mim, e percebo que estou do avesso. A natureza ouve meu silêncio, mas mesmo sem falar, me consola dizendo que é necessário trocar as folhas.


Centro.

​ A gente sabe que existe centro... sabe que existe centro espírita (e visita pelo menos uma vez na vida), sabe que existe o centro da terra, os centro das cidades... mas ignora o centro do nosso ser. O núcleo que guarda todo o nosso “código genético”, o centro que é nosso porto. O centro que é onde a gente quer ir quando se encontra perdido nas máscaras que usamos de supostas personalidades que possuímos. A gente acredita em centro, mas abandona. Abandona porque a gente cresce, e a partir daí entra em formas que a sociedade obriga a entrar. A gente sabe que existe um centro guardado por camadas frias, que já quase esqueciam que a gente já foi criança; que subia no sapato da mãe, que vestia a camisa do pai, que queria ser adulto, mas não sabia que ser adulto era ser igual robô. E quando a gente cresce, quer se isentar das responsabilidades, quer alguém que cuide da gente, quer ser criança de novo. Quer correr livre, ralar os joelhos, tomar banho de chuva, voltar pra casa sujo de terra e até tomar uma chinelada da mãe. A gente quer, porque tá guardado no centro, e foi gostoso. E é o que a gente é, mas não pode ser.


A diferença da tua solidez para a minha liquidez.

​ Só me diz a diferença da tua solidez para a minha liquidez, quando a tua solidez se esfarela e escapa dentre os dedos; me diz porque para ti minha liberdade é libertinagem, e tua necessidade de concretar-me a ti não passa de uma solidez consideravelmente clássica, aristotélica. Diga, então, porque meu desapego e amor livre são construções sociais e o teu apego e tuas correntes não. Diz também porquê devo viver um amor romântico Hollywoodiano se meu espírito é flecha, ação e fantasia. Aproveite e me diga também porquê devo eu levar uma vida baseada nas tuas normas ABNT do viver, se o bonito da vida é ser você. Então, meu bem, vai com teu segundo, que eu vou com meus terceiros, quartos, quintos e infinitos alguéns... Vá e sê feliz, que eu hei de ser também!


quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Alguém que ama o vento.

O vento me acariciando o rosto é quase poético. A força com que o ar invade meus pulmões e sai depressa é como uma montanha russa possuindo a graça de uma bailarina. Meus olhos se fecham em êxtase enquanto busco nas lembranças uma última sensação parecida. Ah, nesta minha queda livre, tento abraçar o mesmo ar que antes me acariciava o rosto e agora me acaricia todo o corpo. Vou contra o vento apenas para me permitir ser tocado com o toque que mais me desarma. Ando contra o vento e me entrego como jamais me entreguei antes na cama ou fora dela, sentindo inveja de cada ave que dança suavemente no sétimo céu, enquanto a anatomia do meu corpo humano me prende a este mesmo chão onde caminho. Anjo sem asas, pássaro na gaiola, avião sem combustível, mas alguém que ama o vento, mesmo sem a graça de poder voar.


Eu gosto do toque.

Eu não sei o que seria de mim sem o toque, sem o abraço, sem o olhar nos olhos, sem parar para prestar atenção em alguém e torná-lo o sol por breves instantes. Eu não sei o que seria de mim sem meus lábios no rosto de outrem num cumprimento, mesmo sabendo que nunca tocamos algo ou alguém de verdade. Testo a repulsão elétrica na tentativa de vencê-la e provocar uma fusão nuclear dos átomos de hidrogênio com a força do pensamento. Eu gosto do toque porque ele me faz sentir vivo durante a eternidade dos segundos em que dura. Quando toco, fico em câmera lenta. Sinto cada átomo na região estimulada. Homo sapiens. Humano. Poeira estelar. Átomo. Microbioma. "It's a match!". Todo o infinito de mim esvaziando-se para transbordar num toque.


quinta-feira, 13 de julho de 2017

Ame em cada porto que ancorar.

Que minha vontade de me derramar, seja maior que a de permanecer onde estou. Que eu me derrame, e se der, ame em cada porto que ancorar. Que eu enxergue a poesia do navegar, e aceite que para chegar a qualquer lugar, é necessário percorrer algum caminho. E quando o azul do mar e o azul do céu se unirem no horizonte, sem que eu saiba mais se são os peixes nadando no céu ou as aves voando no mar, eu sinta o infinito de mim, do mar e do amar.


quinta-feira, 6 de julho de 2017

A soma vermelha me pesa.

​ Eu vi a luz. Próxima. Distante. A luz tinha cores, as cores tinham sons. Que vozes insuportáveis! Por um momento, andei sobre elas e me fixei o olhar exclusivamente àquele ambiente urbano. Os sentimentos fervendo nas veias. E quando em mim eu entro, sou capaz de ver também tudo o que em mim eu sinto vibrar. Essa dor que me inflama, me indica onde devo melhorar. A soma vermelha me devasta, mas não por mim. Eu sinto dor, mas não por mim. A soma vermelha me pesa. Dentro dela, escrito "decepção". Isso que pesa. As cores somem, mas o vermelho... ah, o vermelho! O vermelho me corrompe. O vermelho sou eu e me machuca. Os sons têm luzes, as luzes têm sons... e agora a frequência do som concentrou-se em uma nota. A nota vermelha. Soma. Vermelha. Agora o gosto almiscarado na boca, me lembra a amargura do sangue que disseleciona, separa e exclui.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Goza comigo, amor?

Me responda, amor, é só o meu toque na tua cintura que te enrijece o corpo e solta o riso? Será teu corpo um gatilho de uma arma na cabeça de um suicida? Como pode tua região supra ilíaca caber tão perfeitamente em meus dedos? Como pode teu corpo caber tão bem em meu abraço? Como pode meu corpo responder tão rapidamente em contato com o teu? Como pode nossos lábios dançarem essa valsa tão perfeitamente harmônica? Quando será que essa valsa virará tango? Te penso, meu pau endurece, e recordo-me de seu pau duro em meu pau duro. Ambos pressionando-se um contra o outro. Dentro de cada beijo, uma nova sensação de prazer. Agora a última, eu prometo: goza comigo, amor?


quinta-feira, 4 de maio de 2017

Evoluídos (?) para regredir.

Homosapiens. Homo. Sapiens?
Qual a tua natureza, homo? Qual a tua sabedoria, sapiens? Línguas, códigos, vestes, máscaras. Eu estou sozinho, homo; eu nasci pelado, sapiens. Eu sou fruto do pecado, homo? Escrevo para minha espécie, sapiens? Nós que somos criações da natureza, somos também toda essa singularidade? Criados para ficar sozinhos? Segregamos, reprimimos e oprimimos tudo aquilo o que é diferente de nós. O que nos difere dos primatas, homo? O que nos torna sapiens, sapiens? Nós nos encarregamos de separar o mundo em dois: O "Eu" e o "os outros". E o que nos tornamos, homo? E o que nós somos, sapiens?
 Homosapiens. Homo. Sapiens? Evoluídos (?) para regredir.


quinta-feira, 13 de abril de 2017

Fui tão passageiro, que dói.

Tive tempo para explodir de dentro pra fora. Tive tempo para que lamentasse nosso rompimento e chorasse pelo fim... Tive tempo para que eu me sentisse tão fracassado por não passar de um passado, que sequer foi presente. Fui tão passageiro, meu bem, que dói. Não cheguei a ser nada além de uma pausa, e logo você avançou a música. Eu fui aquela música dançante que você ouvia nos fones de ouvido, mas que tinha vergonha de que os outros soubessem que você curtia. Se cuida, amor. Nas tuas baladas, nas tuas valsas, nos teus romances. E se você decidir dar o play em outra música, lembre-se que eu tô tocando a vida sem você.


A vergonha não é tua!

Eu tenho uma vizinha que admiro sem que ela saiba, e eu só soube depois de sonhar algo que mais parecia uma lembrança. Há alguns anos ela decidiu não mais ser a mulher submissa, oprimida e humilhada. Ela decidiu dar um basta, e pôr para fora o pai de seus dois filhos que a deixava desfigurada, após agredí-la doidão de pó. Ela deu a volta por cima, conseguiu um emprego e decidiu que nunca mais seus filhos a veriam cheia de hematomas e ouviriam seus gritos de socorro frustrados.

Lembro-me ainda muito bem de uma das muitas vezes, quando eu ainda tinha uns 8 ou 9 anos, da vez em que após um show de gritarias, em que ele ainda apoiado na impunidade gritava ofensas para quem quisesse ouvir, antecedendo as agressões que sequer podia imaginar como eram. Eu ficava na casa de uma amiga da família e perguntava: "Deia, por quê você não liga para a polícia?" E ela dizia que em briga de marido e mulher, não se mete a colher. E eu ouvia aquela vizinha gritando "Socorro", sem ninguém fazer nada... esse dia (que muito me marcou), a vi deitada na escada, roxa, ensanguentada, com o rosto que nem mais me parecia familiar, sem forças para levantar dali (ou talvez a humilhação fosse tanta, que ela imaginou que fosse ali mesmo seu lugar). Vizinha, a vergonha não foi tua, que estava impotente entre uma sequência de socos e chutes na frente dos teus filhos, a vergonha foi minha, que já sabia o número da polícia, mas tinha medo de pensarem que era trote. A vergonha não era tua, que era mãe, dona de casa, dedicada e caprichosa, era desse homem, que nunca valorizou teus esforços! A vergonha não é tua, vizinha, mãe e mulher, era de todos os vizinhos: os de porta, os de entrada, os de prédio, que ouviam teus gritos desesperados e nada faziam. E por incrível que pareça, vizinha, tua dor e teus gritos ainda me assombram, e isso me estimula a NUNCA MAIS permitir que outra mulher passe o mesmo que você.

Mulheres, vocês nunca mais estarão sozinhas. A vergonha não é de vocês, é NOSSA!

A omissão também mata. Em caso de agressões à mulher, ligue 180. O telefone funciona 24h por dia.


quinta-feira, 2 de março de 2017

Leva meu DNA. Tu, teu navio, teu leme, tua âncora.

Vai, pai! Pega tuas coisas, arruma tua mala e vai. É apenas mais um abandono para tua lista. É só mais uma ida sem volta... é só mais uma das tuas tiranias! Vai, pai! Leva contigo de volta meu DNA. Leva contigo nossas semelhanças, tuas características que carrego, os pedaços que vinha juntando de momentos que nunca tivemos. Vai, marinheiro! Vai ancorar em outro porto. Vai listar outro choro de outra criança que estraçalharás. Vai conduzindo teu navio, guiando teu leme pra longe desta terra que firmaste. Assim, quando mais tarde me procurardes (tua velhice evidente no rosto, tuas mãos não mais firmes), encontrarás diante de ti (nós) a muralha que ergueste. Foste criado para ser sozinho, marinheiro. Tua companhia é o mar, que apesar de vasto, é solitário. Agora (homem, pai, marinheiro, mar), nem mais a lua ousa refletir sua bela face nas tuas águas. Sozinho. Tu, teu navio, teu leme, tua âncora. Sem mais teus portos. Sem mais tua terra firme. Sem mais tua lua. Vai, some no horizonte só mais uma vez para não perder a natureza da tua existência. ⚓️


domingo, 19 de fevereiro de 2017

A anatomia do seu (nossos) corpo(s) (juntos).

Às vezes ainda me pego pensando em você, mas é apenas uma armadilha do meu cérebro, mostrando que ainda conhece a anatomia do seu (nossos) corpo(s) (juntos), que ainda sabe de cor o mapa detalhado de cada ponto fraco seu, o caminho para cada terminação nervosa que te provocava risos disfarçando o prazer. Às vezes ainda me pego lembrando de nossos abraços, do quanto me sentia seguro, do quanto me sentia vazio sem ele. Me desculpe, mas eu não tive a intenção de ressuscitar nenhum sentimento (sentimentos estes que não existem mais), mas é domingo, época de carnaval e tenho visto tantas pessoas vazias (ou cheias de uma liquidez que já não me interessa mais)... Eu não sinto falta de você, eu sinto falta do que tínhamos, ou do mais próximo que tive de reciprocidade. Estou feliz que tenhamos tido um fim. Estou feliz que esteja feliz com outrem. Estou feliz que você tenha assinado minha lei Áurea e tenha me libertado de um sentimento escravo... Eu penso em você, mas não penso com mágoas. Eu penso no quanto é triste que tenha feito comigo o que fizeram contigo. Eu penso no quanto é triste você se olhar no espelho e não se enxergar, porque você não tem alma. Eu penso no quanto sou mais feliz e mais maduro depois de você. Eu penso, e por isso existo e resisto. Obrigado por num abandono ter me empurrado para frente, mas o mérito não é, nem nunca será seu.

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Aprendi a odiar as vírgulas e os poréns.

Com você aprendi a odiar as vírgulas e os poréns... "Você é um homem incrível, mas...", você diz. "Eu não aguento mais não ser o suficiente", eu digo. E cá estou eu procurando melodia nestas batidas.  E cá estou eu olhando as ondas batendo na areia e vendo teu sorriso em suas espumas. Cá estou repetindo beijos que nunca existiram num balé de fantasias fincadas no âmago do meu ser. Ah, leão, você diz que é folha solta esperando o vento te levar para algum lugar, e eu digo que não tem como ser folha sem antes ser árvore. Não, leão, não tem como voar sem antes ficar! Ah, leão, te enxergo primavera, tu te enxergas outono. Te enxergo florido, tu te enxergas voando! Tu te sentes onda, e eu me imagino prancha deslizando sobre você. Ah, meu bem, de leão só a vaidade; de tornado só a brisa e de mim esta escrita de um amor de verão. "Eu casaria com você", "Sem drama, Gabriel Coxxxta", "Se for pra ficar, o universo te porá ao meu lado". Meu leão, não serás folha solta se teu cabo permanecer na árvore dos teus sonhos. Para sempre, só o aqui e o agora, e uma breve história de um amor que poderia existir(,) (mas) o vento levou.