A cidade
estava escura, contando somente com a iluminação dos velhos refletores de luz.
Eu fazia o mesmo percurso que costumava fazer, até que vi uma multidão
pisando-a e gongando-a, amiga. Eu até criei asas para salvá-la. Vi todos
voltando-se contra mim, e quanto mais eu queria fugir, mais me sufocavam. Eu
daria a minha vida pelas pessoas que vi, mas ali, elas queriam tirá-la.
Uma mulher me
abraçava com toda sua força querendo me proteger com sua vida. Não, não era o
meu diamante (mãe). Era quem eu menos imaginaria estar ao meu lado.
Eles me
pegaram, eles me prenderam, tentaram cortar as minhas asas. Eu fugi, e eles
continuaram a correr atrás de mim. “Olha pro teu lado e vê quem te fotografa,
idiota!” – eles disseram. Eu fugi novamente.
Eu gritava
mendigando socorro, mas não havia ninguém que me tirasse daquela imensidão sem
fim. Ninguém ouvia a minha voz. Ninguém me respondia. Enquanto cortavam as
minhas asas, não havia ninguém a me tirar dali. Ninguém que se importasse.
Tiraram-me as
asas e me puseram passagens para um retiro religioso nas mãos.
Adeus, você
perdeu.
Agora, eu
acordei me sentindo perseguido. Cansei de viver um personagem que criaram para
mim. Não, a minha felicidade não importa para ninguém a quem eu tiraria o meu
sorriso e daria. O relógio bate devagar. Ainda são 06h58min. Eu não sabia se eu
corria e fugia; me trancava e chorava ou morria e encerrava tudo, pois em
breve, o sonho se materializaria e se tornaria real.
As pessoas
esquecem que enquanto apontam um dedo para mim, outro está apontando para cima
e outros três para elas. Deus é justo. Eu erro, tu erras, ele erra e nós
aprendemos.
Me julgue da
forma que achar mais conveniente, só não queira me moldar a sua maneira. Se você
não voa, não queira tirar as asas de quem voa alto.
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